15 de Junho
Dia Mundial de Conscientização da Violência contra a Mulher Idosa (Pessoa Idosa)
Mulheres Idosas, mulheres negras e periféricas: resistência e sabedoria
Violência contra as mulheres idosas, denuncie, não se cale!
Conversando com mulheres próximas à minha idade ou mais, sobre os problemas que enfrentamos com as mulheres acima de 60 anos, temos muito em comum. Para as aposentadas sofremos uma pressão diária, dos bancos, empréstimos, que são quase compulsórios; endividadas quase não recebendo mais nossas aposentadorias, por conta de refinanciamentos, dívidas contraídas, muitas vezes, para a manutenção das nossas próprias famílias.
Quando se fala em violência doméstica na maioria das vezes estamos falando de mulheres jovens e mulheres maduras, na fase produtiva e reprodutiva das mulheres, como feminista, penso que é uma cilada, para todas nós! O patriarcado e a misoginia, não poupam idade, mas a violência acentua nas mulheres negras e periféricas e, devemos sim olhar para as mulheres para além dos 60, como mulheres com capacidades, como qualquer outra e que sofrem violências diversas patrimonial, física, sexual, abandono e silenciamento.
O dia 15 de junho marca o Dia Mundial de Conscientização da Violência contra a Pessoa Idosa. A data foi instituída em 2006, pela Organização das Nações Unidas (ONU) e pela Rede Internacional de Prevenção à Violência à Pessoa Idosa.
No fim do ano passado, com o isolamento social imposto pela pandemia de Covid-19, o número observado em 2019 aumentou 53%, passando para 77,18 mil denúncias. No primeiro semestre de 2021, o Disque 100 já registrava mais de 33,6 mil casos de violações de direitos humanos contra o idoso, no Brasil. Sendo mais acentuada esta violência nas mulheres idosas.
Vivemos em tempos difíceis, tempos hostis no qual as que estão “fora do padrão’’ devem ser descartadas, imagine a mulher idosa, mas é importante saber que velhice não é doença, e o percurso natural da vida, a finitude. Porém se perpetuam também as desigualdades sociais existentes, para as mulheres idosas negras periféricas, a vida é mais dura ainda, muitas trabalham a vida toda, por sobrevivência sua e de sua família, trabalhos duros, exaustivos, como trabalhadoras domésticas, serviços gerais, bicos, enfrentam a violência do estado em seus territórios, e, não tem direito ao básico, a falta de políticas públicas e o descaso pelas mulheres idosas, se refletem, em que muitas estão nas ruas, nos sinais de trânsito e sem um lugar para viver.
Mas não quero terminar este texto sem falar das mulheres que descobrem aos sessenta, setenta, oitenta, não importa a idade, que exercitar a generosidade, se dedicando aos trabalhos comunitários, voltando a estudar, na cultura e se redescobrem na capacidade de amar de se aventurar novamente ao desconhecido.
Neste dia 15 de junho de 2022, quero saudar a todas as mulheres para além dos 60+, que não permitas ao desânimo, escute uma música do seu gosto, leia um livro, se não souber ler, volte a estudar, nunca é tarde para aprender algo novo, não desista, sorria, sinta-se bela, a vida já nos deu tanto, vamos aproveitar cada minuto e cada segundo da vida. E não esqueçam que temos direitos! Vamos exercitá-lo temos o Estatuto do Idoso – Lei Nº 10.741, de 1º de Outubro de 2003. (http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.741.htm)
Eleutéria Amora – Coordenadora Geral CAMTRA
Fontes:
https://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-humanos/noticia/2021-06/aumentam-casos-de-violencia-contra-pessoas-idosas-no-brasil
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.741.htm