Uma em cada 4 mulheres gestantes sofrem violência obstétrica no Brasil, é o que aponta o estudo “Mulheres brasileiras e gênero nos espaços público e privado”, realizado pela Fundação Perseu Abramo em parceria com o Serviço Social do Comércio (SESC), em 2010.
Os últimos dados, sem estarem relacionados a pandemia da Covid-19, revelam que a mortalidade materna brasileira apresenta o índice de 66,4 mortes maternas a cada 100 mil habitantes. Número que representa mais que o dobro da meta da ONU.
Essa triste realidade atinge com mais força as mulheres negras que são 62% das vítimas de morte maternas, contra 35,6% das mulheres brancas.
Entre as principais causas de mortes maternas estão:
- Hipertensão (pré-eclâmpsia e eclâmpsia);
- Hemorragias graves (principalmente após o parto);
- Infecções (normalmente depois do parto);
- Complicações no parto;
- Abortos inseguros.
Atenção básica às mulheres grávidas
O racismo enraizado em todas as esferas sociais faz com que as mulheres trabalhadoras negras e que vivem em áreas rurais e comunidades mais pobres sofram com a negligência a qual suas vidas são tratadas.
Reduzir as taxas de mortalidade materna está intimamente ligado a uma promoção de políticas públicas eficientes, voltadas e pensadas para a saúde da Mulher e pela manutenção de suas vidas. Assim como um acompanhamento mais efetivo e humanizado durante toda a gestação.
Novamente, são as mulheres negras as que menos recebem essa atenção gestacional. No Brasil, apenas 55% das mulheres negras fizeram sete consultas de pré-natal em 2012 e estão abaixo da média nacional que é de 62.4%.
Mortalidade Materna na Pandemia da Covid-19
Com a pandemia, a batalha das mulheres trabalhadoras, principalmente negras, indígenas, campesinas e periféricas ficou ainda mais árdua. E entre as gestantes e puérperas o cenário não foi diferente.
Em julho/2020 um estudo publicado na International Journal of Gynecology apontou que, no primeiro semestre do ano de 2020, 124 gestantes e puérperas morreram por Covid-19 no Brasil. Número que representa 77% dessas mortes no mundo.
A pesquisa revela ainda, que a morte de mulheres gestantes negras representa quase o dobro das mulheres grávidas brancas.
A data de hoje é de Luta e Resistência. Para que nenhuma mulher trabalhadora morra pela negligência do Estado com nossas vidas.
Pela garantia de ter um pré-natal, parto e pós-parto humanizados. Pelo direito de decidir por nossas vidas e nossos corpos!
Por Mim, Por Nós e Por Todas! É pela vida de TODAS as Mulheres Trabalhadoras!
Leia mais: Eliminação da Violência contra as Mulheres
Leia mais: Luta pela Descriminalização e pela Legalização do Aborto na América Latina e Caribe